Simpósios Temáticos aprovados


1. Escrevivências Orais: Entre a História, a Memória e a criação Literária
Coordenadores: Luiz Gustavo Santos Cota (CAP/UFV); Raíssa Santos Valeriano (mestranda/UFF)

Compreendemos que o conceito Escrevivência de Conceição Evaristo, não é apenas uma aglutinação das palavras Escrever e Vivência; este conceito trata-se da reivindicação do direito à escrita de corpos postos à margem. A História Oral, igualmente, lança luz sobre áreas inexploradas da vida diária, das classes não hegemônicas (Portelli, 1997). A partir da escrevivência e da História Oral é possível analisar pontos em comum, como por exemplo, o foco no cotidiano, em sujeitos e em eventos de sujeitos que passariam despercebidos ou ainda passam por muitos historiadores, já que "nós como historiadores produzimos provas que podem contribuir para a reparação histórica"(Abreu, 2025), não podemos ignorar as produções já existentes por estes corpos, independente dos campos teóricos em que foram produzidos. Pois se não será reproduzida uma lógica colonial em trabalhos de-coloniais. Sobre a lógica colonial, Kilomba afirma, "Ideologia colonial que argumenta que grupos subordinados se identificam de modo incondicional com os poderosos e não têm uma interpretação independente válida de sua própria opressão [...] e/ou que são menos humanos do que seus opressores e são, por isso, menos capazes de falar em seus próprios nomes" (KILOMBA, 2021). Desta maneira, é de grande valia a reflexão e discussão acerca das contribuições e desafios da utilização da análise literária marginal e do conceito de escrevivência em trabalhos acadêmicos de história oral, principalmente por considerarmos a afirmação de Kilomba, e diferente da lógica colonial, sabemos que os sujeitos subalternizados são sim capazes de falarem em seus próprios nomes. A escrevivência dialoga bem com a literatura marginal, ambas são ferramentas de críticas e denúncias sociais; as duas partem de uma relação com o discurso poético, por meio da própria experiência consciente de estar à margem, ao mesmo tempo que criam um lugar de pertença afro-diaspórica (Evaristo, 2025).
Palavras-chave: História Oral, Literatura Marginal, Escrevivências
2. Fontes que falam: História Oral e a construção da Memória Científica Brasileira
Coordenadoras: Maria Gabriela Bernardino (MAST) e Larissa Medeiros (MAST)

Este Simpósio Temático tem como objetivo central reunir pesquisadoras e pesquisadores que se dedicam à História da Ciência e Tecnologia e que adotam a História Oral como metodologia de investigação. A proposta busca fomentar o diálogo entre experiências, abordagens e desafios enfrentados por quem tem se debruçado sobre memórias, trajetórias e narrativas de cientistas, técnicos, instituições e práticas científicas. A partir desse encontro, pretende-se contribuir para a consolidação da História Oral como metodologia fundamental para o campo da História da Ciência, destacando seu potencial analítico, interpretativo e político. Além de trabalhos que explorem entrevistas como fonte e método, o simpósio acolherá propostas que reflitam sobre os processos de arquivamento, preservação e difusão dessas fontes, especialmente frente aos desafios técnicos, éticos e institucionais que envolvem seu uso. Questões como consentimento, direitos autorais, curadoria digital e acesso público também serão valorizadas nas discussões. Ao reunir diferentes olhares e experiências, o simpósio visa criar uma rede de trocas entre pesquisadores/as, fortalecendo o campo da História Oral aplicada à História da Ciência e Tecnologia e ampliando os horizontes de investigação e preservação da memória científica brasileira. A proposta dialoga diretamente com iniciativas recentes, como a criação, em 2025, do Programa de História Oral da Ciência e Tecnologia do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), voltado à sistematização e preservação de acervos audiovisuais, bem como incentivar o uso da História Oral como ferramenta de pesquisa no campo.
Palavras-chave: História da Ciência; História Oral; Memória Científica
3. História do Esporte e das Práticas Corporais: memória e narrativas orais
Coordenadoras: Marina de Mattos Dantas (UEMG) e Letícia Costa Marcolan (CRFB do Museu do Futebol)

Este Simpósio Temático tem como objetivo reunir e promover o diálogo entre pesquisas que investigam a História dos Esportes e das Práticas Corporais por meio de fontes e narrativas orais. Com base na metodologia da História Oral, busca-se refletir sobre as múltiplas experiências de sujeitos e grupos sociais em torno do corpo e da memória. A escuta das trajetórias de vida, sejam elas individuais ou coletivas, permite uma compreensão do tema a partir das lembranças de pessoas que vivenciaram os contextos e acontecimentos investigados. Nesse sentido, o simpósio propõe agregar trabalhos em diferentes estágios de desenvolvimento, articulando a História Oral, os esportes e as práticas corporais a temas amplos como política, economia, gênero e raça, por exemplo. Mantendo o intuito de edições passadas, a proposta é, ainda, ampliar o escopo analítico tradicional, ao incorporar não apenas as modalidades esportivas de alto rendimento, mas também expressões culturais e práticas corporais diversas, como a capoeira, a dança, a ioga, entre outras formas de uso do corpo. Ao reunir investigações que exploram a complexidade e a diversidade dessas práticas, este Simpósio Temático pretende fomentar, ainda, debates interdisciplinares e transdisciplinares, visibilizando pesquisas concluídas ou em andamento que contribuam para a consolidação de um campo de estudos atento à articulação entre essas práticas, narrativas orais e memória. Ao acolher diferentes recortes e abordagens, o simpósio reforça a relevância da História Oral como ferramenta metodológica fundamental para a produção e compreensão do campo de estudos.
Palavras-chave: História oral; Esportes; Práticas corporais; Memória; Narrativas orais
4. História Marítima: memória e oralidade em perspectiva histórica
Coordenador: Robert Wagner Porto da S. Castro (DPHDM)

Dialogando com a proposta desse encontro e na oportunidade em que cruzamos marcos temporais históricos que remetem a processos e eventos cujas memórias ainda seguem em franca disputa, e seus desdobramentos – notadamente aqueles de cunho social – ainda se fazem presentes em meio às sociedades e/ou grupos sociais específicos. E, considerando que oceanos, mares, rios, demais meios navegáveis e seus entornos são, historicamente, espaços diretamente relacionados ao desenvolvimento humano em seus diferentes aspectos, além de se constituírem enquanto marcos fronteiriços naturais, sendo assim limites de disputa, cooperação e outros tipos de relacionamentos entre diferentes sociedades. Este Simpósio Temático propõe reunir estudos que vêm se dedicando a enfatizar, em perspectiva histórica, a memória e a oralidade, sua relevância e possibilidades enquanto elementos fundamentais na transmissão do conhecimento e de experiências nas manifestações culturais humanas. Além das alternativas que oferecem ao ofício do historiador, notadamente a memória, e enquanto fontes e objetos de análise. Desse modo, serão acolhidos trabalhos que se dediquem à análise da memória e da oralidade nas diferentes relações humanas e institucionais desenvolvidas por meio, ou em função, desses multifacetados ambientes no curso do processo histórico. Privilegiando, nessa perspectiva, estudos que tenham como objeto: historiografia e prática metodológica no âmbito da história marítima, populações ribeirinhas e caiçaras, pescadores, povos indígenas e suas relações com as águas, religiosidades, festividades e manifestações culturais típicas, marítimos, portuários, marinheiros militares, operários e trabalhadores do mar, migrações e o tráfico Atlântico de escravizados africanos, a guerra naval em seus diferentes aspectos, relações étnico-raciais e de gênero, entre outros.
Palavras-chave: História Marítima; Memória; Oralidade
5. História oral e educação
Coordenadores: Carolina Dellamore (Centro de Memória da Educação – SME de Contagem) e Gabriel Amato (UFMG)

A proposta deste ST é promover debates em torno das relações entre história oral e educação, explorando três eixos principais. O primeiro eixo aborda a história oral como prática pedagógica em diferentes níveis de ensino (fundamental, médio, superior), em atividades disciplinares (História, Sociologia, Geografia etc.) e em projetos interdisciplinares. Interessa-nos, nesse sentido, tanto a apresentação de relatos de experiência nos quais o/a pesquisador/a atua também como docente, quanto pesquisas de campo que reflitam sobre os usos da história oral em espaços de educação formal (escolas, universidades) e não formal (museus, centro culturais, bibliotecas, movimentos sociais). Além disso, interessa-nos a produção de instrumentos didáticos com a história oral, bem como a presença dessa metodologia em materiais didáticos ditos tradicionais. O segundo eixo propõe discutir a história oral como metodologia de pesquisa sobre a educação, em abordagens históricas, sociológicas, antropológicas, entre outras. Busca-se abrir espaço para reflexões sobre as possibilidades e os limites da história oral – e de seu arcabouço conceitual – para a abordagem de fenômenos e políticas educacionais em contextos diversos, da configuração de sistemas educacionais hegemônicos, de aspectos da cultura escolar, das bases epistemológicos da implantação de currículos e políticas pedagógicas, bem como de formas de organização de experiências de educação popular. Por fim, o terceiro eixo propõe-se a abrigar reflexões sobre a constituição de acervos que tratem da História da Educação em contextos diversos e os usos da história oral como ferramenta na formação de professores de diferentes áreas do conhecimento. Interessa-nos debater experiências que mobilizem a história oral como recurso para que (futuro/as) professores construam suas narrativas e reflitam sobre suas memórias, trajetórias e identidades profissionais.
Palavras-chave: história oral; educação; metodologia; práticas pedagógicas; formação
6. História Oral e Interseccionalidades: marcadores sociais das diferenças, suas teorias e práticas
Coordenadoras: Marcela Boni Evangelista (Unicamp) e Suzana Lopes Salgado Ribeiro (Unitau)

O campo de conhecimentos estruturado em torno da história oral possui, em sua gênese, características que ampliam as possibilidades de compreensão dos traços que compõem as subjetividades dos indivíduos que participam de projetos. Por meio de entrevistas e, orientadas por delimitações, as pesquisas em história oral abarcam o universo de experiências que é atravessado pelas categorias de gênero, classe social, raça, etnia, geração, região, sexualidade, deficiência, entre tantas outras. Em processos analíticos, a combinação de tais fatores viabiliza o desenvolvimento de estudos pautados nas interseccionalidades. Desta forma, o presente Simpósio Temático tem o objetivo de reunir pesquisadores/as que se debruçam sobre diferentes abordagens temáticas, com a utilização da história oral, a fim de propor reflexões que conectam diferentes marcadores sociais da diferença, em perspectiva interseccional.
Palavras-chave: interseccionalidade; diferença; história oral; entrevista.
7. História Oral e Meio Ambiente: interfaces da memória e demandas sociais nos desafios do Tempo Presente
Coordenadores: Andréa Casa Nova Maia (UFRJ) e Ademas Pereira da Costa Junior (Acervo Audiovisual dos Maretórios)

Entre meados dos anos 1970 e 1980 a humanidade assimilava pela primeira vez uma consciência crítica de que seus ideais poderiam inviabilizar a longo prazo a manutenção dos padrões de vida conquistados pelas gerações anteriores. Um novo paradigma colocava entre parênteses crenças estabelecidas sobre o desenvolvimento propagado a partir dos centros industriais e financeiros do mundo capitalista, a saber: o meio ambiente. A noção de limite ecológico embaraçou as relações entre diversos condicionantes sensíveis à vida humana, como habitação, segurança alimentar, saúde e bem-estar à percepção de alteração do clima. Estabelecidas a partir da máxima da sustentabilidade, os protocolos de crise para os eventos extremos se tornaram uma realidade do tempo presente. Um desafio para o qual nenhuma estratégia de curto prazo se mostrou eficaz. Nas zonas de sacrifício, áreas de proteção ambiental, parques e reservas diversos grupos nativos e populações tradicionais relatam a partir de suas memórias experiências que envolvem crise climática e processos de violações de direitos humanos em seus territórios ancestrais, traçando estratégias e criando narrativas de re-existência. O ST propõe um espaço de socialização de pesquisas de história oral que contribuam para a construção de uma história ambiental pública pautadas por demandas sociais e incertezas no tempo presente. Serão bem-vindos trabalhos de pesquisa que pensem a natureza e as memórias de comunidades desprivilegiadas que mais sofrem com a crise climática e temáticas que abordem racismo ambiental, dívida ecológica e processos de resiliência e adaptação face às mudanças climáticas.
Palavras-chave: Memória; Tempo Presente; Realidade Climática
8. História oral e memória das artes, da cultura e da criatividade
Coordenadores: Miriam Hermeto de Sá Motta (UFMG) e Ricardo Santhiago (UNIFESP)

O simpósio temático "História oral e memória das artes, da cultura e da criatividade" coloca-se como espaço aberto para a apresentação de projetos em andamento e concluídos, bem como o debate de ideias a partir de perspectivas que combinem a temática das artes ao instrumental metodológico, teórico e conceitual dos estudos de história oral. Em sua 13ª edição, o ST reúne pesquisadores que desenvolvam:

a) Trabalhos de registro de história oral de artistas, movimentos culturais e intelectuais e práticas criativas. Enquadram-se resultados de pesquisa e projetos em andamento abordando:
1. Artistas e conjuntos de artistas, grupos, coletivos, movimentos, em diferentes linguagens e campos de atuação: música, literatura, artes plásticas, dança, circo, performance, fotografia, arte digital, cinema, slam, teatro etc.;
2. Momentos, movimentos e correntes artísticas;
3. História e cultura intelectual, intelectuais, obras do pensamento;
4. Manifestações culturais, independentemente de seu âmbito analítico (cultura popular, cultura erudita, cultura de massa etc.);
5. Utilização de relatos orais em estudos sobre o processo criativo, em articulação com ferramentas como a crítica genética.

b) Discussões sobre o caráter artístico e criativo agregado a trabalhos com narrativas pessoais. Enquadram-se propostas que discutam a história oral em suas comunicações com o fazer artístico. Entre outras possibilidades, contempla-se:
1. Aproximação da história oral a outras artes, como fotografia, desenho, vídeo, artes plásticas, arte digital etc.;
2. Interpretações de obras literárias baseadas na oralidade;
3. Discussões metodológicas sobre o emprego de técnicas advindas de campos como a literatura e a linguística tanto para a constituição quanto para a análise de fontes orais;
4. A relação entre história oral e história pública, discutindo a viabilidade e os procedimentos da difusão de trabalhos de história oral para públicos não especializados, por meio de diversos suportes, como o rádio, o cinema e o livro.

Palavras-chave: História oral; Memória; Arte; Criatividade; Narrativas pessoais
9. História oral e mundos indígenas: possibilidades e desafios
Coordenadores: Diego Omar da Silveira (UEA) e Thayron Rodrigues Rangel (UFRJ)

O presente Simpósio Temático reúne trabalhos que se debruçam sobre as interfaces – atuais e possíveis – entre o campo da história oral e os mundos indígenas. Parte-se da enorme importância que a história indígena tem hoje, no sentido de visibilizar sujeitos, narrativas e cosmologias praticamente deixados à margem da história nacional, mas também da necessidade de registrar os diferentes protagonistas dos processos de contato – seja pelos órgãos do indigenismo oficial (de Estado), seja através dos indigenismos alternativos surgidos na segunda metade do século XX. Nesse sentido, a história oral tem um papel fundamental, pois permite não apenas mergulhar nas tradições orais de diferentes povos etnias para trazê-las ao espaço público, mas também registrar a trajetória de sujeitos e comunidades (sertanistas, missionários, indigenistas, antropólogos, advogados e ativistas socioambientais) que compartilharam com diferentes povos as lutas por terra/território, língua, cultura e autodeterminação. O convite se estende também àqueles/as pesquisadores/as que se dedicam a problematizar as implicações teóricas das narrativas orais indígenas na descolonização de vários campos do saber, dentro e fora das universidades, com implicações inclusive na construção de políticas públicas, como a educação e a saúde indígenas, por exemplo.
Palavras-chave: História Oral; Povos Indígenas; Indigenismos
10. História Oral, Cultura Visual e Memória
Coordenadores: Carlos Eduardo Pinto de Pinto (IFCH-UERJ) e Juliana Muylaert Mager (LABHOI/PPGH-UFF)

Essa proposta de Simpósio Temático se organiza pela articulação entre memória e visualidade a partir do campo ampliado das Ciências Humanas e Sociais, buscando contribuir para as discussões teórico-metodológicas em torno das fontes de memória. Os estudos recentes sobre a dimensão pública da memória têm procurado identificar as situações, suportes, agentes e representações que concorrem no processo de rememoração, por meio de metodologias voltadas para a análise das fontes de memória - orais e visuais. Como resultado, identificamos a emergência de diferentes propostas para a escrita da história em plataformas de história pública, nas quais a escolha técnica figura como um dispositivo conceitual, devendo ser incorporada à construção do problema proposto. Essa perspectiva oferece novas formas de se produzir conhecimento histórico, a partir das possibilidades das performances da memória para o debate sobre os passados possíveis. A proposta do ST é abrir um espaço transdisciplinar para os estudos sobre história e memória pública, enfatizando a elaboração de metodologias coordenadas por diferentes campos da Ciências Humanas e Sociais em diálogo com a História. Busca, portanto, reunir pesquisas que se utilizam de fontes orais e visuais para os estudos da memória pública, com destaque para as interfaces entre as humanidades e os campos da comunicação e audiovisual; antropologia; artes visuais e fotografia. Dessa maneira, o simpósio adota como eixos os estudos sobre a relação oralidade e visualidade; da problematização dos usos das fontes orais e visuais na pesquisa histórica; dos debates sobre a produção audiovisual na História; e dos usos do passado no regime de historicidade contemporâneo. Os trabalhos devem necessariamente se relacionar a, pelo menos, dois conceitos-chave desse campo de reflexão, dentre os quais: memória, oralidade, narrativa, imagens técnicas e cultura visual.
Palavras-chave: Oralidade; Memória; Imagem; Cultura Visual
11. História oral, memórias da diáspora e escrita da história
Coordenadores: Martha Abreu (UFF) e Lucimar Felisberto dos Santos (SME/RJ)

Este simpósio busca discutir trabalhos de pesquisa em torno das memórias do cativeiro e da diáspora a partir de histórias familiares, de grupos de solidariedade, de festas e de relações de trabalho. Também pretende reunir trabalhos de história oral preocupados com as narrativas possíveis para uma escrita da história que reconheça e valorize ações educativas e de história pública em torno das lutas antirracistas.
Palavras-chave: Diáspora; luta antirracista; memória; escrita da história
12. História Oral, passados sensíveis e História do Tempo Presente
Coordenadores: Pedro Ernesto Fagundes (UFES) e Tatyana de Amaral Maia (UERJ)

Este ST pretende reunir pesquisas dedicadas às potencialidades da História Oral na compreensão dos passados sensíveis. O desenvolvimento da História Oral possibilitou a requalificação das relações entre os historiadores e os sujeitos da História, favorecendo a construção de um conhecimento histórico dedicado ao Tempo Presente pela aproximação entre a História disciplinar e as memórias. O retorno do indivíduo para a análise histórica, a requalificação do gênero biográfico, a valorização do Tempo Presente, a percepção das complexas relações entre objetividade e subjetividade na prática historiadora, e o "retorno" da narrativa impactaram e modificaram o campo da pesquisa histórica nas últimas décadas do século XX. A emergência da memória, em especial aquelas dedicadas aos passados sensíveis, ou seja, aos "passados que não passam" e das testemunhas vivas no espaço público impactaram diretamente o ofício do historiador. Os eventos traumáticos dos séculos XX e XXI produziram memórias conflituosas, incluindo memórias subterrâneas que resistiram aos silêncios impostos por setores dominantes de sociedades que não conseguiam lidar com seus passados sensíveis. Ao mesmo tempo, as disputas e manipulações desses passados mobilizam intensos debates públicos nesse início de século. Neste sentido, o objetivo deste ST é reunir trabalhos que se dediquem aos usos do passado no Tempo Presente; ao papel dos testemunhos na pesquisa histórica; e às implicações teóricas, políticas e éticas do trabalho dos historiadores dedicados às memórias acerca dos passados sensíveis. Nesse sentido, esse ST privilegiará, no geral, o tema da justiça transicional seus limites, insuficiências e contradições, envolvendo as sociedades pós-regimes autoritários até, em particular, a questão das graves violações de direitos humanos ainda silenciadas e/ou ausentes do processo transicional, sobretudo aquelas envolvendo minorias sociais, como indígenas e LGBTQIA+.
Palavras-chave: História Oral; História do Tempo Presente; passados sensíveis; memórias subterrâneas.
13. História Oral, Política e Memórias no Tempo Presente
Coordenadores: Rafael Araujo (UERJ) e Izabel Pimentel (UERJ)

As últimas décadas do século XX foram marcadas por importantes transformações na historiografia contemporânea, como o renascimento e renovação da História Política, um novo impulso da História Cultural, a ampliação das fontes históricas e a mudança de interesse pelas grandes estruturas e os fenômenos de longa duração em favor da valorização das relações entre indivíduos e a História, a partir de pesquisas que valorizam as trajetórias e as histórias de vida (FERREIRA, 2018).

Esta renovação foi favorecida e estimulada pelo contato com outras ciências sociais e, a partir dessa visão interdisciplinar, a historiografia ampliou a definição do político, destacando como a História Política "liga-se, por mil vínculos, por toda espécie de laços, a todos os outros aspectos da vida coletiva" (RÉMOND, 2003, p. 35). Os novos rumos da historiografia contemporânea permitiram também o surgimento e a consolidação da História do Tempo Presente, que privilegiou a metodologia da História Oral e o uso de testemunhos e depoimentos como fontes, bem como os debates acerca das relações entre História e Memória e os usos políticos do passado (FERREIRA, 2018, p. 84). Entre as distintas temáticas consagradas dentro dos estudos do Tempo Presente, destacaram-se as pesquisas sobre as ditaduras civis-militares e os processos de redemocratização e Justiça de Transição na América Latina; os governos e projetos políticos das esquerdas no final do século XX e início do século XXI; os novos movimento sociais, as lutas políticas e sociais e suas interseções com as questões de gênero, raça e etnia; e, mais recentemente, o avanço das direitas e suas agendas, assim como o retorno de golpes de Estado. Este simpósio visa reunir trabalhos que, por diferentes perspectivas, dialoguem com esses eixos temáticos e apresentem interfaces entre a História Oral, História Política e Memórias no Tempo Presente.

Palavras-chave: História Política; História Oral; Memórias; Tempo Presente
14. História Oral, Território e Memórias Insurgentes
Coordenadores: Gabriel da Silva Vidal Cid (PPCIS/UERJ) e Marcelo Cardoso da Costa (IFRJ-CDuC)

A proposta do Simpósio Temático é articular trabalhos que busquem o diálogo entre as metodologias da História Oral e o território, valorizando experiências com o que poderíamos chamar de "novas memórias". A memória coletiva, em especial no que se convencionou pensar como lugares de memória, na expressão do historiador francês Pierre Nora, vem sendo repensada conceitualmente e politicamente, afetada por novas propostas metodológicas no que concerne à busca por "outras" memórias, as insurgentes e que desestabilizam práticas e instituições tradicionais de memória. O território aparece como elemento chave para se compreender a atuação dessas novas ações com a memória. A História Oral pode ser vista como uma ferramenta para lidar com comunidades e territórios, buscando a escuta, o respeito e a interlocução, com grupos sociais subrepresentados ou excluídos das ditas memórias tradicionais. Neste sentido, o Simpósio Temático incentiva a inscrição de propostas de trabalhos que busquem a reflexão sobre ações que articulem a História Oral com pessoas, grupos e comunidades, considerando noções de território, espaço ou lugar, com destaque para os periféricos, favelas e subúrbios, para se pensar a experiência da vida social. Valoriza-se, também, experiências com ações em torno da chamada museologia social e o patrimônio cultural em relação ao território e a oralidade.
Palavras-chave: História Oral, Território, Memórias Insurgentes, Museologia Social, Patrimônio Cultural
15. História Oral, Trajetórias e Identidades Narradas
Coordenadores: Lívia Morais Garcia Lima (UNESP) e Igor Lemos Moreira (Udesc)

Nas últimas décadas, o debate sobre o papel da narrativa na historiografia tem se aprofundado, especialmente a partir do chamado giro-linguístico. Discussões sobre ficcionalidade, imaginação e subjetividade levaram a novos questionamentos sobre os desafios de construir narrativas a partir das relações entre fontes, epistemologias e o próprio ato de escrita. Essa operação foi discutida por Jablonka (2021), ao defender que a história pode ser entendida como uma literatura do real. LaCapra (2023) reforça que tais desafios encontram na história oral e nas pesquisas com oralidades um espaço privilegiado de reflexão, especialmente diante de dois aspectos: (1) as formas de adaptação, transcrição e tradução do relato oral enquanto fonte; (2) o impacto da experiência de diálogo e colaboração na forma como historiadores constroem suas narrativas, incorporando a subjetividade dos sujeitos para além do narrado. O Simpósio Temático História oral, trajetórias e identidades narrativas busca reunir pesquisas que problematizem o uso da oralidade na investigação de trajetórias e experiências de vida, bem como as interfaces entre entrevistas, narrativas e identidades. Também se propõe a discutir as implicações teórico-metodológicas da entrevista como ato colaborativo, em que pesquisador e entrevistado estabelecem uma produção dialógica. Convidamos trabalhos que abordem as relações entre história oral e narrativa; trajetórias, memória e identidades; oralidade e vida pública; sensibilidades, artes e narrativas; geração e juventude; marcadores sociais (gênero, raça, classe, etnicidade, religião); relatos de si; trauma, testemunho e memória; biografias, literatura e ficção; formas de narrar e escrever no campo da história oral; história pública, práticas colaborativas e oralidades; identidade, alteridade e educação. Dentro deste escopo, enquadram-se pesquisas que abordam áreas como história, artes, patrimônio, política, lazer e aspectos da vida social, cultura e política, além da história oral como prática reflexiva e pública.
Palavras-chave:
16. História pública e oralidades
Coordenadoras: Juniele Rabêlo de Almeida (UFF) e Amanda Calabria (CEFET-RJ)

O Simpósio Temático História pública e oralidades tem por objetivo: reunir profissionais que utilizem os procedimentos da história oral em pesquisas participativas que pensem as possibilidades de construção/divulgação do conhecimento histórico. Sob a expressão "história pública" reúnem-se múltiplas iniciativas em favor do redimensionamento do saber histórico (produção e ampliação dos públicos da história). Este Simpósio Temático tem como meta avançar nas discussões sobre a ampla gama de questões teóricas e práticas em torno da história pública no Brasil, visada em perspectiva internacional. Este simpósio será uma oportunidade para abordar a relação entre oralidade e história pública a partir dos seguintes temas: a história oral e a diversidade de públicos da história; o impacto social e público da produção acadêmica participativa; a função da história pública na divulgação e no gerenciamento dos acervos orais vinculados ao patrimônio material e imaterial; o impacto das novas mídias sobre as estratégias de produção e publicização da história oral; os procedimentos da história oral diante de celebrações, comemorações, memoriais; os cruzamentos entre história pública/história oral e outras áreas de conhecimento aplicado, como o jornalismo, o cinema, as relações públicas, a gestão de organizações, o turismo; a história oral e gênero; a relação entre história oral e literatura, em múltiplos âmbitos de narrativa histórica: as biografias, os testemunhos, a ficção histórica. Afirma-se a necessidade do estabelecimento de diálogos entre o saber acadêmico e o trabalho com oralidades; considerando a necessidade da não supressão da ciência em favor da história pública, porém, o desejo de pensar a construção de uma ponte de comunicação com a recepção social do trabalho acadêmico. Serão bem-vindas pesquisas participativas e engajadas que tenham como eixo a relação entre história pública e história oral.
Palavras-chave: História pública; oralidades; debates contemporâneos; pesquisa participativa.
17. Interseccionalidades: o que pode a história oral para o ensino de história?
Coordenadoras: Claudia Patrícia de Oliveira Costa (SME/RJ) e Juçara da Silva Barbosa de Mello (PUC-Rio)

Nossa proposta para este simpósio é uma aposta no potencial revelado por entrevistas realizadas no âmbito de projetos ancorados na História Oral em contextos escolares. Essa aposta destaca os fecundos diálogos entre a história e a antropologia. O caráter colaborativo estabelecido entre esses dois campos do saber busca dar conta de uma gama de objetos e sujeitos historicamente excluídos ou invisibilizados — mesmo após as inovações promovidas pelos Annales, orientadas por uma abordagem de cunho social. Nesse sentido, a História Oral "(...) propicia contato – e, pois, a compreensão – entre classes sociais e entre gerações. E para cada um dos historiadores e outros que partilhem das mesmas intenções, ela pode dar um sentimento de pertencer a determinado lugar e a determinada época." (Thompson, 1992, p. 44). A História Oral se apresenta, portanto, como um espaço privilegiado para análises fundadas na interseccionalidade entre as categorias de classe, raça e gênero. Testemunhos e histórias de vida são atravessados por uma complexidade que não pode ser fragmentada ou compreendida em partes isoladas, o que torna a História Oral rica em possibilidades para o entendimento de questões cruciais na pesquisa e no ensino da história escolar no Brasil. É nessa perspectiva que, neste simpósio, buscamos acolher trabalhos concluídos ou em desenvolvimento que mobilizem a História Oral como método investigativo na construção do saber histórico escolar — especialmente aqueles que dialoguem com as diretrizes das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino das histórias e culturas africanas e indígenas na Educação Básica. Também incluímos aqui os desdobramentos da recente Lei 14.986/24, que determina a obrigatoriedade do ensino sobre as contribuições das mulheres na história, tanto no ensino fundamental quanto no médio, em escolas públicas e privadas do Brasil.
Palavras-chave: Ensino de História; Interseccionalidade; Lei 10.639/03; Lei 11.645/08; Lei 14.986/24
18. Patrimônios Culturais, cidades e memória: miradas a partir da História Oral
Coordenadores: Vivian Fonseca (FGV CPDOC e UERJ) e Mario Brum (UERJ)

Propõe-se estabelecer diálogos entre trabalhos que, a partir da História Oral, se proponham a refletir sobre os temas dos patrimônios culturais e das cidades. As cidades adquirem diferentes configurações ao longo do tempo, a partir de várias funções, marcos arquitetônicos, espaços e relações com o ambiente. O próprio território da cidade modifica-se em extensão, funções econômicas, quais classes habitam, manifestações culturais que congregam etc. No caso dos patrimônios culturais vemos igualmente mudanças de percepção do que é considerado e reivindicado como dotado de valor patrimonial. De maneira mais evidente, a inserção das culturas populares na retórica patrimonial trouxe novos desafios para a área. Trazendo para debate ambas as categorias, percebemos nos últimos anos um vertiginoso interesse por elas. Tais discussões, para além da produção acadêmica, mobilizam hoje uma série de movimentos sociais e coletivos. No âmbito dos patrimônios (materiais e/ou imateriais), um traço recorrente é que para além de narrativas sobre passado e cultura, eles tornaram-se uma arena de embate sobre direitos. Os patrimônios tornaram-se uma estratégica ferramenta de diálogo com o Estado e, também, acesso às cidades e territórios. Cidades, estas, nas quais percebemos diferentes temporalidades coexistindo. É a partir dessas temporalidades que monumentos, ruas e bairros inteiros são construídos, destruídos, preservados, apagados da memória e/ou patrimonializados como parte essencial de identidades coletivas. Assim, o estudo das memórias articuladas nas entrevistas nos permite perceber nuances, identidades e estigmas que marcam a sociabilidade urbana e os patrimônios e, ainda, como as pessoas atribuem valores, significados e sentidos aos lugares e práticas. Assim, esse ST propõe reunir pesquisas sobre tais temas via História Oral. Igualmente, trabalhos que tenham as memórias e os discursos produzidos sobre locais, moradores, manifestações culturais e fatos urbanos que adquirem relevância a partir das relações que os citadinos estabelecem com eles.
Palavras-chave: patrimônios culturais; cidade; memórias; acervos de história oral; usos do passado
19. Periferias e narrativas orais: cidadania, invisibilidade social e silêncio
Coordenador: Linderval Augusto Monteiro (UFGD)

A ideia que inspira este Simpósio Temático é colocar em contato pesquisadores de áreas diversas e com diferentes inserções no meio acadêmico/escolar que se interessem por histórias periféricas e que desenvolvam trabalhos que preferencialmente privilegiem, em alguma medida, o uso de fontes orais ou objetivem pesquisar oralidades. Partindo do exposto, são benvindos ao simpósio estudiosos de qualquer área das humanidades interessados em compartilhar seus projetos e experiências acerca das periferias.
Palavras-chave: periferias, cidadania, memória